ENCONTRANDO UM SENTIDO PARA SORRIR

Em uma das escolas que trabalho um dos grandes problemas que temos são as pichações. A escola não faz muito tempo foi pintada. A pintura se deu num processo de mutirão juntamente com a comunidade. Banheiros foram reformados, foram criados centros de lazer. A escola ficou tão bonita, um ambiente agradável. Os alunos estavam bastante empolgados com aquele novo ambiente. Limpo, colorido, alegre. Mas infelizmente não durou muito. Começaram a depredações, voltaram as pichações, áreas de lazer destruídas e, em consequência a perda da autoestima. Teve uma manhã que as aulas foram suspensas, porque duas salas foram destruídas e a rede elétrica roubada. Alguns alunos curiosos aproximaram-se para especular, outros foram embora, aliviados por não terem aula. É triste, mas é isto mesmo. Estudar não é divertido. Os que se aproximaram pela curiosidade faziam comentários, riam e brincavam como se aquilo fosse normal. Os observava e não entendia. Aquilo que tinha acontecido era um absurdo. As salas foram destruídas, pichadas, materiais didáticos picados. E eles ainda sorriam. Nossa!! Que valores são estes? Questionei-me. Perguntei, por que estavam rindo? Nada sorra,  respondiam. Os olhos baixaram. O silêncio tomou conta. Eu nunca tinha vivido uma situação como esta. Descobri que vivo no mundo paralelo. Eles, na realidade. Até que um falou: -na minha rua isto é normal, acontece todos os dias. Questionei-os, normal? Normal por quê? O que é normal? Calaram novamente e foram embora. Eu fiquei com minha indignação. O que existe naquela comunidade é um histórico que vem se arrastando de geração para geração. É o fazer por fazer. Porque é divertido. Porque é a maneira que encontraram para se expressar. Eu não sei. Atualmente desenvolvemos  projetos pela paz. Aos poucos estamos resgatando alguns valores, em marcha lenta, mas as coisas já melhoraram.No momento desenvolvo um projeto de revitalização da escola através do grafite. Onde eles participam 100% nas atividades como, planejamento e execução. O brilho nos olhos voltaram, mas não por admiração pela destruição e sim pelo orgulho de construir algo que tenha significado e sentido em suas vidas.